Segundo as regras vigentes da Caixa Econômica Federal, quem busca crédito imobiliário deve oferecer, no mínimo, 30% ou 50% de entrada, a depender do sistema de amortização adotado.
Adquirir um imóvel continua sendo um dos grandes projetos financeiros do brasileiro. Mas a dúvida central permanece: qual deve ser a renda mensal para viabilizar o financiamento de um imóvel de R$ 500 mil?

Para responder a essa questão, o especialista em investimentos e matemático Guylherme Mattos realizou simulações considerando um prazo de 30 anos.
Regras atuais da Caixa

Antes de avançar para os cálculos, é importante ter clareza sobre dois pontos:
- É necessário oferecer 30% ou 50% de entrada, dependendo do sistema de amortização.
- As parcelas não podem ultrapassar 30% da renda familiar.
Principais sistemas de amortizaçãoa
No Brasil, dois modelos predominam no crédito imobiliário:
Sistema de Amortização Constante (SAC)
- Entrada mínima: 30%
- Como funciona: a amortização é constante em todas as parcelas, mas os juros incidem sobre o saldo devedor, que diminui ao longo do tempo. Isso faz com que as primeiras prestações sejam mais elevadas, reduzindo gradualmente.
Simulação SAC (imóvel de R$ 500 mil):
- Entrada: R$ 150.000
- Valor financiado: R$ 350.000
- Parcela inicial: R$ 4.027,22
- Renda mínima exigida: R$ 13.423
- Valor total pago: R$ 901.807
Tabela Price (Sistema Francês)
- Entrada mínima: 50%
- Como funciona: as parcelas têm valor fixo durante todo o contrato. Inicialmente, a maior parte do pagamento cobre juros; ao longo do tempo, a proporção se inverte e a amortização ganha peso.
Simulação Price (imóvel de R$ 500 mil):
- Entrada: R$ 250.000
- Valor financiado: R$ 250.000
- Parcela fixa: R$ 2.368,53
- Renda mínima exigida: R$ 7.895,10
- Valor total pago: R$ 852.670,99
Cuidados ao assumir um financiamento imobiliário
Segundo Lucas Dezordi, economista e professor da Escola de Negócios da PUCPR, a primeira condição para assumir um contrato de longo prazo é ter segurança quanto à estabilidade da renda.
“O principal erro é comprometer-se em um financiamento de 15 a 20 anos sem ter garantias sobre a regularidade da renda, o que pode levar à inadimplência. Além disso, não se deve destinar mais de 30% da renda mensal ao contrato”, afirma o especialista.
Dezordi recomenda ainda atenção a outros fatores:
- Avaliar se o financiamento é pós-fixado, sobretudo em um cenário de juros em queda.
- Investigar a solidez da incorporadora ou imobiliária.
- Mapear custos adicionais do imóvel, como condomínio, IPTU e eventuais reformas.
Compreender os diferentes modelos de financiamento, calcular o impacto das parcelas no orçamento e avaliar a previsibilidade da renda são passos fundamentais para transformar o sonho da casa própria em uma decisão financeiramente sustentável.