Conteúdo gerado por usuários comuns ganha protagonismo nas estratégias de marketing digital, criando oportunidades de renda sem exigir grandes audiências
Desde maio de 2023, o TikTok expandiu seu programa de monetização no Brasil, permitindo que criadores de conteúdo sejam remunerados a partir do desempenho de seus vídeos. Para ter acesso a essa funcionalidade, a plataforma exige, entre outros critérios, que o usuário tenha pelo menos 10 mil seguidores e acumule 100 mil visualizações em um intervalo de 30 dias, além de manter a originalidade do conteúdo publicado.

Embora esse movimento represente uma via formal de geração de receita, os pré-requisitos funcionam como barreiras de entrada para muitos criadores. Mesmo com produção frequente, a ausência de uma audiência expressiva pode inviabilizar tanto a monetização direta quanto a obtenção de contratos publicitários.
A ascensão do UGC: uma brecha no modelo tradicional

Diante dessas restrições, uma alternativa tem ganhado espaço entre produtores de conteúdo que buscam novas formas de rentabilizar sua presença digital: o UGC (User Generated Content). Diferentemente do modelo convencional de influenciadores, o UGC é protagonizado por pessoas comuns — sem status de celebridade digital — que compartilham impressões espontâneas sobre produtos ou serviços.
A proposta se distancia das tradicionais “publis”, publicadas no perfil dos próprios influenciadores. No modelo UGC, os conteúdos são criados por consumidores e veiculados diretamente nas páginas das marcas ou utilizados em campanhas patrocinadas.
Benefícios para marcas e criadores iniciantes
Para as empresas, o formato representa uma solução de baixo custo, já que os criadores geralmente estão em estágios iniciais de atuação e não exigem grandes investimentos em produção. A estética despretensiosa — vídeos feitos em casa, com celular, e sem grandes recursos de edição — reforça a sensação de espontaneidade e autenticidade.
Segundo Louisa Warwick, fundadora da agência Social Acceleration Group, essa abordagem fortalece a percepção de confiança e aproxima o consumidor da marca. “O UGC ajuda a criar autenticidade, promove maior credibilidade sobre o produto ou serviço e fomenta um senso de lealdade à comunidade”, afirmou ao Business Insider.
Renda real, mesmo sem seguidores
A relevância do UGC é comprovada pelos números: a hashtag #UGC no TikTok ultrapassa 2 bilhões de visualizações. Criadores como Ahmna Dailey, por exemplo, relataram ganhos superiores a US$ 7 mil em apenas três meses, atuando exclusivamente nesse nicho.
Há casos de criadores que chegam a faturar US$ 4 mil por mês com esse tipo de produção. Para atingir esse nível de retorno, os especialistas recomendam a construção de um portfólio sólido. A orientação é iniciar com vídeos espontâneos sobre produtos que o criador já possui em casa — mesmo sem patrocínio — e utilizá-los como vitrine para futuras negociações com marcas ou plataformas especializadas.
Conclusão
O modelo UGC tem se consolidado como uma alternativa viável para monetização digital, sobretudo para aqueles que não possuem uma base de seguidores expressiva. Ao privilegiar autenticidade e simplicidade, esse tipo de conteúdo redefine as relações entre marcas, criadores e audiência — e expande as fronteiras da economia da atenção para além da fama.