Entenda os caminhos, os custos e os cuidados para internacionalizar sua carteira de investimentos
A exposição internacional tem se consolidado como uma estratégia relevante entre investidores brasileiros que desejam diversificar riscos, preservar o poder de compra e acessar oportunidades fora do mercado doméstico. Investir no exterior, hoje, é mais acessível do que nunca — mas exige planejamento, conhecimento e atenção tributária.
Por que investir no exterior?
A alocação internacional oferece:
- Proteção cambial, em especial em cenários de instabilidade econômica local;
- Acesso a mercados mais líquidos, diversificados e maduros, como o norte-americano;
- Exposição a setores ausentes na bolsa brasileira, como tecnologia, saúde e consumo global;
- Redução do risco Brasil, ao diluir a concentração dos ativos em uma única jurisdição.
Exemplo claro foi a pandemia: enquanto a bolsa brasileira sofreu, empresas globais de tecnologia prosperaram — e investidores expostos apenas ao mercado local perderam essa valorização.
O que considerar antes de investir fora?
Investir no exterior requer mais do que interesse: exige preparo, adequação ao perfil de risco e atenção fiscal. Antes de iniciar, é essencial:
- Avaliar objetivos e horizonte de investimento;
- Entender a dinâmica dos mercados internacionais;
- Conhecer os produtos disponíveis e seus custos;
- Planejar a declaração e a tributação de ganhos e rendimentos.
tenção: quem encerra o ano com mais de US$ 100 mil em ativos no exterior deve prestar declaração ao Banco Central, além de seguir as regras da Receita Federal.
Como investir no exterior morando no Brasil?
Atualmente, há dois caminhos principais:
1. Conta internacional em corretoras brasileiras
Corretoras nacionais já permitem a abertura de contas internacionais com acesso direto a ações, ETFs, REITs, bonds e outros ativos globais.
- O processo é simples, digital e costuma ocorrer na própria plataforma;
- A conversão cambial é feita internamente, com IOF de 0,38% e spread sobre o dólar.
2. Produtos locais com exposição internacional
Outra alternativa é investir via ativos listados na B3, como:
- BDRs (recibos de ações estrangeiras);
- ETFs internacionais (que replicam índices globais).
Esses produtos não exigem envio de recursos ao exterior e seguem a tributação local.
Quais os custos envolvidos?
Os principais custos para investir no exterior incluem:
- IOF: 0,38% sobre a remessa de câmbio;
- Spread cambial: a taxa de conversão do dólar pode ter margem de 1% a 3%;
- Taxas da corretora: podem incluir corretagem, custódia ou tarifas sobre dividendos;
- Tributos sobre ganhos: alíquotas variam conforme o tipo de ativo e o valor do lucro.
Exemplo: se o dólar comercial estiver a R$ 5, o valor efetivo de conversão pode ser de R$ 5,10, dependendo da instituição.
Como funciona a tributação?
A tributação varia conforme o tipo de ativo:
Ações, ETFs e REITs
- Lucros acima de R$ 35 mil por mês são tributados de 15% a 22,5%, conforme a tabela progressiva.
- Lucros mensais de até R$ 35 mil são isentos.
- Prejuízos no exterior não podem ser compensados com lucros futuros.
Renda fixa (como bonds)
- Segue a tabela progressiva do IR (0% a 27,5%).
- Todos os rendimentos devem ser convertidos para reais para cálculo do imposto.
Principais ativos disponíveis
Entre os instrumentos mais comuns no exterior estão:
- Bonds: títulos de dívida corporativos ou soberanos;
- REITs: fundos imobiliários negociados em bolsa nos EUA;
- Ações globais e ETFs temáticos;
- ADRs: recibos de ações estrangeiras negociados em mercados norte-americanos.
Conclusão
A internacionalização da carteira é uma etapa natural para quem deseja construir um portfólio mais resiliente e globalizado. Com acesso facilitado por plataformas brasileiras, investir no exterior tornou-se uma opção viável — desde que acompanhada de diligência tributária, clareza estratégica e entendimento dos riscos envolvidos.