Mais de 1,2 milhão de empregos gerados em 2024 evidenciam o papel estruturante dos pequenos empreendimentos na redução da insegurança alimentar
O Brasil foi novamente retirado do Mapa da Fome, segundo relatório recente da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO/ONU). O levantamento revela que menos de 2,5% da população brasileira encontra-se em situação de subalimentação — condição em que o consumo calórico habitual é inferior ao necessário para manter uma vida ativa e saudável.
O anúncio foi feito durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU, realizada em Adis Abeba, na Etiópia, e representa um avanço expressivo no combate à fome no país. Entre os vetores dessa conquista, destaca-se a contribuição dos pequenos negócios, que têm exercido papel relevante na geração de emprego e renda.
Emprego como vetor de transformação
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), somente em 2024 os pequenos negócios foram responsáveis por mais de 1,2 milhão de novos postos de trabalho. O volume é comparável ao número de beneficiários do Bolsa Família que ingressaram no mercado de trabalho no mesmo período — cerca de 1,27 milhão de pessoas.
Entre junho e julho deste ano, aproximadamente 958 mil famílias deixaram de receber o benefício. Destas, mais de 536 mil saíram do programa por terem alcançado estabilidade financeira, seja via emprego formal ou empreendimentos próprios. O dado revela uma transição significativa da dependência de transferências de renda para a autonomia econômica, impulsionada em grande medida pelo dinamismo do setor de micro e pequenas empresas.
Políticas estruturantes e fortalecimento da base produtiva
Para o presidente do Sebrae, Décio Lima, o país atravessa um momento de inflexão. “Já superamos parte dos desafios de curto prazo: retomamos o crescimento e reduzimos o desemprego. A transferência de renda já impulsiona a economia do país. O que promove o desenvolvimento é a sofisticação da estrutura produtiva, e o Brasil trabalha nesse sentido, buscando sua própria transformação por meio de políticas estruturantes, inovação, apoio aos pequenos negócios e diversificação qualificada”, afirma.
Alcance ampliado dos pequenos negócios
O impacto dos pequenos empreendimentos vai além das famílias em situação de vulnerabilidade. Estimativas do Sebrae, com base em dados da Receita Federal e em estudos próprios, indicam que aproximadamente 95 milhões de brasileiros são beneficiados direta ou indiretamente por microempreendedores individuais (MEIs), microempresas e empresas de pequeno porte. Trata-se de uma elevação de cerca de 10% em relação a 2021, quando o número estimado era de 87 milhões.
Atualmente, o segmento responde por 26,5% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, consolidando-se como um dos principais motores da economia real. “Os pequenos negócios são uma grande força que impulsiona o crescimento do país. É um setor formado por homens e mulheres que não desistem de seus sonhos e contribuem para a economia de uma forma impressionante”, destaca Décio Lima.
Uma conquista coletiva com base produtiva
Embora a saída do Mapa da Fome seja resultado de múltiplos esforços, o papel dos pequenos negócios revela o potencial transformador da atividade empreendedora em escala nacional. Ao gerar empregos, fomentar renda e promover inclusão produtiva, esse segmento reafirma sua importância não apenas na economia, mas também na coesão social.